o auto-retrato possível

o grito

a trágica e ténue fronteira entre equilíbrio e desequilíbrio

o adeus desenhado com o teu silêncio...definitivo.

(até um dia Teca!)

consegues respirar debaixo de água?

estás dentro de mim. e eu gosto de ti dentro de mim. quero-te dentro de mim. para sempre! mas não quero isolar-te com a minha dor. vou arrancá-la do peito e enchê-lo de Mar.

nos milésimos de segundo que antecedem a queda penso...será o mundo inteiro uma gigantesca prisão?

sempre o mesmo aquário. redondo. e todos os dias as mesmas pedras. a mesma comida. enlouqueço! quero sair! furiosa e desesperadamente dou um salto. com a impulsão consigo projectar o corpo para o exterior desta masmorra líquida.

ovo

insónia

nascem-me cogumelos na pele

deito-me. a humidade cola-se (pegajosa) à minha pele. lambo-me e sinto o meu sal. e também o teu açúcar. então pergunto-me (enquanto continuo a lamber-me): ainda o teu sabor doce no corpo e já esta saudade insuportável? decido levantar-me e beber um copo de água. deito-me outra vez. e penso (enquanto lambo as costas): hoje vou jantar bifinhos aux champignons e comer-te em forma de saudade.

...e do meu sangue nascerá pégaso!

desesperam-se os pés.quando a espera é longa...

oinc!...

...ou os dias cinzentos em que sentimos um forte impulso de abrir o peito e arrancar o coração. com as nossas próprias mãos. enquanto os nossos próprios desenhos nos olham. pensativos.

la vache qui chante

enquanto eu exprimo a alegria através de uma contracção especial dos lábios, da boca e dos músculos da face, acompanhada de sons desarticulados e de contracções abdominais.

a impossibilidade da comunicação. sou uma parede onde nascem algumas flores

às vezes, quando falam comigo, nascem-me flores no lugar da cabeça. a comunicação revela-se assim impossivel.

o mar ilíquido

tento não pensar. mas afundo-me num mar de pensamentos. e descubro todos os dias que ainda não sei nadar.